A modalidade fascina e conquista cada vez mais pessoas, seja para fugir do estresse ou por pura paixão pelo esporte
Para praticar o off road a única exigência é a coragem. Essa é a principal característica dos praticantes desse esporte, já que não é fácil se aventurar por caminhos nada confortáveis. Um bom conhecimento de mecânica também é importante, pois imprevistos sempre acontecem.
A modalidade que hoje é sinônimo de lazer, um dia, foi utilizada na guerra. O jipe foi o meio de transporte usado por soldados durante a Segunda Guerra Mundial e foi criado justamente para facilitar travessias em lamas, erosões e outros trechos de acesso mais intransponíveis, que um veículo comum não passaria com a mesma desenvoltura ou, talvez, ficasse no meio do caminho, quebrado.
O off road chegou no Brasil na década de 80 e os primeiros ralis começaram a ser disputados em 1983, quando foi fundado o Jeep Clube de São Paulo.
Em Nova Pádua, um grupo de amigos criou a equipe Indomáveis Off Road. A iniciativa de elaborar uma gaiola começou com Rodrigo Dalla Valle, Edgar Tonet e Willio Dallemole. “Tudo começou quando fizemos uma gaiola em sociedade. Depois de um ano, cada um elaborou a sua própria gaiola. Quando prontas, nós três começamos a andar pelo interior de Nova Pádua”, lembra o agricultor Rodrigo Dalla Valle, 29 anos.
Com o passar dos meses, outros amigos foram tomando gosto pela brincadeira e elaborando as suas gaiolas. A partir de então, o grupo começou a se reunir para participar dos passeios pela região. “Criamos um grupo no WhatsApp para facilitar o contato e, em 2017, decidimos realizar a 1ª Gincana Off Road de Nova Pádua. Naquele mesmo ano, criamos a equipe Indomáveis Off Road, que hoje conta com 11 pilotos” informa Dalla Valle.
O agricultor foi econômico nas palavras ao falar dos benefícios do off road. “Não tem dinheiro que pague essa experiência. Se eu não ando de gaiola parece que o sábado demora para passar. Andar de gaiola é uma forma de me desestressar. Me renova para enfrentar uma semana de trabalho. O esporte é uma forma de reunir os amigos de Nova Pádua e de outros municípios que também curtem essa modalidade”, ressalta ele.
O empresário Rudimar Uberti, 37 anos, começou a fazer trilhas em 2008, pelo interior de Flores da Cunha. Já nas pistas, o piloto estreou em 2018, na categoria 4x2 turbo. “Para a próxima temporada pretendo concluir o projeto da nova gaiola e disputar a categoria 4x4 turbo”, ressalta Uberti, que também tem uma F75 para fazer trilha.
Para o piloto, tanto nas trilhas como nas pistas a certeza é de muita adrenalina. “Nas pistas já tive a oportunidade de competir com grandes nomes do off road brasileiro. Nas trilhas também tem adrenalina, mas é num clima de diversão entre amigos, que tentam atravessar trechos complicados e de difícil acesso”, frisa Kid, como é mais conhecido.
Rudimar destaca a necessidade de utilizar os equipamentos de segurança como um cinto de segurança apropriado, capacete, roupas especiais, botas, luvas, joelheiras, cotoveleiras, colete, além de ter um projeto de gaiola bem feito que ajude na própria segurança dos pilotos e de seus adversários. Nos campeonatos, existem quatro categorias, tanto para jipe como para gaiolas: a 4x2 aspirado, 4x2 força livre (turbo), 4x4 aspirado e 4x4 força livre (turbo).
O empresário Luis Antônio Ferrarini, o ‘Toni’, 57 anos, começou a participar das competições de Off Road em 2001. Depois deu uma pausa até 2015, quando reformou o jipe e, no ano seguinte, voltou para as pistas. Entre as inúmeras vitórias em etapas da modalidade, destaque para a conquista do título do Sul Brasileiro de Jepp Cross. Toni participa das corridas junto com Isaias Fante, Rudimar Uberti e Vagner Guareze, pilotos que integram a equipe Toni Racing que representa Flores da Cunha no Estado, país e até na América do Sul. A partir de 2021, o time contará com o piloto Tarciano Tibola que também estará competindo.
“Com toda a certeza as principais experiências que o esporte me proporcionou foram disputar as provas da Fenajeep, que são realizadas em Brusque/SC. É um evento que reúne pessoas de todo o Brasil, considerado o maior encontro off-road da América Latina e todos os anos conta com uma vasta programação”, afirma o Ferrarini, que hoje compete da categoria 4x4 turbo.
Em 2015, o esporte virou negócio. Com poucas alternativas no mercado, os empresários Luis Antônio Ferrarini e Anderson Argenta abriram a Toni Off Road, especializada na fabricação de acessórios para jipe que oferece estribos, todos os modelos de protetores, para-choques, todos os tipos de suportes, espelhos, mesa para guincho, engates de reboque, gancho G, além de alguns equipamentos para gaiolas como, por exemplo, modelos de cambão.
O off road é um esporte que pode ser desfrutado em qualquer local que tenha um terreno acidentado. Por toda a região é possível encontrar ótimos pontos para a prática, desde que ofereçam muitas trilhas com vários graus de dificuldade para serem superados.
Texto: Maicon Pan/Jornal O Florense
Fotos: Divulgação