29/09/2020 Diversos

ESPECIAL - Emoção e adrenalina na corrida de arrancada

São poucos metros e alguns segundos para decidir quem é o melhor

A corrida de arrancada é uma competição onde dois veículos percorrem um determinado percurso, normalmente 201 metros (um oitavo de milha) ou 402 metros (um quarto-de-milha), em linha reta, no menor tempo possível, partindo com o carro parado. O esporte é praticado por pilotos bem preparados e em local apropriado. 

As disputas de arrancada surgiram em meados da década de 40. Não por acaso, coincidindo com o fim da Segunda Guerra Mundial, quando muitos dos jovens soldados que retornavam da Europa tinham pouco dinheiro e muito conhecimento em engenharia mecânica, adquirido quando lidavam com os aviões usados em combate. Eles precisavam de carros baratos, mas também queriam que eles fossem rápidos por estarem habituados com emoções fortes.

Além dos Estados Unidos e Canadá, as competições de arrancada fazem sucesso no Brasil, Austrália, Nova Zelândia, Japão, México, Grécia, África do Sul e em alguns países europeus, como Finlândia, Alemanha, Suécia e Noruega. Como não poderia deixar de ser, as principais competições, bem como os melhores carros e pilotos estão na terra do Tio Sam, onde os Top Fuels percorrem os 402 metros em aproximadamente quatro segundos, com velocidades superiores a 500 km/h.

Para o mecânico Rafael Leonardelli, 37 anos, a fixação por carros começou desde criança e foi crescendo ainda mais durante a adolescência. Em 2011 adquiriu um carro de arrancada e começou a participar das provas da modalidade. “Foram apenas dois anos competindo, mas é difícil de explicar em palavras o que o piloto sente naqueles 201 metros. É muita concentração, adrenalina e emoção”, lembra Leonardelli, que ficou com o 2º lugar no Campeonato Metropolitano de Arrancada em 2013. 

Com o passar dos anos, Leonardelli abriu a sua própria oficina e, em 2017, criou a equipe Rafinha Racing. Com o piloto Schio no time, os resultados apareceram e elevaram o nome de Flores da Cunha no esporte. “Para a maioria dos pilotos, a participação nas corridas é um passatempo pela pura emoção de dirigir em velocidade elevada. No centro do país os pilotos tratam o esporte com muito profissionalismo”, frisa Leonardelli.

Os carros que participam dos campeonatos são divididos em categorias de acordo com a potência ou nível de preparação de cada um. Os tempos são medidos por sistema de cronometragem computadorizado, com auxílio de fotocélulas e sinal de largada multi-sequencial apelidado de ‘Pinheirinho’.

Para o agricultor Valmir Schio, 39 anos, a paixão por carros começou em 1999, quando tinha carros esportivos e foi trocando por carros com maior potência até ter a primeira experiência nas pistas em 2006. Schio disputou a primeira prova de arrancada em 2007, com 26 anos, em Flores da Cunha. O piloto participou da categoria 201 metros, com uma Saveiro que era turbo e também preparada para a modalidade.  

“Quando o piloto está dentro do carro, nos momentos que antecedem a largada a adrenalina toma conta. O piloto respira na hora que ascendem as luzes verdes e depois vai respirar só no fim da reta, quando tira o pé do acelerador. A emoção é muito grande”, ressalta Valmir.

Em 2013, o piloto conquistou o título da Copa Serra Gaúcha de Arrancada. Em 2017 ficou com o 5º lugar no Campeonato Gaúcho da modalidade. No ano seguinte, terminou a mesma competição com o vice-campeonato e na temporada passada chegou ao título do Gaúcho de Arrancada, sempre na categoria DT-B (dianteira turbo B com pneu radial) 201 metros, com carros de 900 cv de potência. 

A participação na Equipe Rafinha Racing surgiu da rivalidade nas pistas. “Competia com o Rafael na mesma categoria, nas pistas de Antônio Prado e Guaporé. Na época, quem preparava meu carro era uma equipe de Garibaldi, mas por conta da saída do meu preparador para Montenegro, conversei com o Leonardelli e a partir de então participo da equipe de Flores da Cunha, onde conquistei o 5º lugar, o 2º e o título Gaúcho da modalidade”, conta Schio.  

De acordo com ele, carro e piloto devem estar 100% para uma boa performance. “É importante contar com uma pista perfeita, com cola e gripe. “Se a pista não estiver em condições o carro acaba destracionando demais e prejudicando o desempenho”, conclui Valmir.

A quantidade de pilotos vem crescendo, bem como a qualidade das provas. Um ponto de encontro marcado na agenda dos jovens e aficionados, retirando da ilegalidade os carros que promovem rachas e levam perigo às ruas, tornando a arrancada cada vez mais profissional, respeitada e competitiva.

Texto: Maicon Pan/Jornal O Florense
Fotos: Divulgação