ESPECIAL - Os clássicos entre Cruzeiro e São Cristóvão

A história do futebol florense foi marcada por jogos sensacionais e finais inesquecíveis. Entre as duas equipes que mais levantaram títulos em Flores da Cunha estão o C.E.R Cruzeiro, de São Gotardo, com 14 troféus, e a equipe do E.C São Cristóvão, com nove conquistas.

A equipe de São Gotardo conquistou o primeiro título em 1980, foi bicampeão e tricampeão em 1982 e 1983. O quarto título veio em 1985 e no ano seguinte a 5ª conquista. Em 1988, o time conquistava o hexacampeonato. Nos anos 90 foram mais quatro conquistas, em 1991, 1992, 1996 e 1999. Os anos 2000 também foram dourados com outros quatro títulos em 2000, 2002, 2004 e 2006. Dessas 14 conquistas, sete delas foram em cima do São Cristóvão.

O São Cristóvão, por sua vez, venceu nove campeonatos municipais da 1ª divisão de Flores. Nos anos 80 foram três conquistas, em 1981, 1987 e 1989. Em 1990, a agremiação sagrou-se tetracampeã. Em 1994 e 1995 vieram mais dois títulos. Outras duas conquistas foram em 2001 e 2005. O 9º título veio em 2019, quando a equipe venceu o Cruzeiro por 1x0. Dos nove títulos, seis foram sobre o Cruzeiro.

Dos 14 títulos do Cruzeiro, os atletas Ivo Rigo e Dirceu Zamboni participaram de 12. Depois aparecem Arlei com nove títulos. Nico, Gelson, Ino e Jair colocaram oito faixas de campeão no peito. Nega e Astengo levantaram sete títulos. Dirceu Curra foi o técnico mais vitorioso com os títulos de 85, 86 e 88. 

O aposentado Dirceu Zamboni, 58 anos, relembra com satisfação ter feito parte da história da comunidade de São Gotardo. “Os campeonatos eram a principal atração dos finais de semana e envolviam as famílias e a torcida. O futebol me proporcionou fazer muitos amigos e isso não tem preço que pague”, destaca ele, que complementa.  “Ser lembrado como um dos grandes jogadores é um orgulho. Jogava com muito amor à camisa. Me sinto lisonjeado e muito grato ao Clube Cruzeiro e a todos que fazem parte dessa história”. Ele ainda disputa a Copa União de Clubes, na modalidade Sênior e Super Sênior, em Caxias do Sul, e o campeonato Máster de Futebol de Campo e Futebol 7 de Flores.

O supervisor de produção, Ivo Rigo, 57 anos, iniciou a trajetória no time principal do Cruzeiro em 1982, com 19 anos, em um jogo válido pela semifinal contra o Rui Barbosa. “Defendi um pênalti durante a partida e fui o destaque. Na final, enfrentamos o Planalto, de Nova Pádua, e, depois do empate em 1x1 no tempo normal, vencemos a prorrogação por 3x2”, recorda.

A partida mais inesquecível para o goleiro foi a decisão de 1996 contra o São Cristóvão. “Na metade do campeonato sofri um acidente de trabalho e tive queimaduras graves nas duas pernas. Fiquei 30 dias hospitalizado e quando me recuperava passei por uma cirurgia de apêndice. Depois de 20 dias entrei em campo na decisão do municipal. Joguei com as pernas enfaixadas e usei roupas especiais para me proteger”, recorda Rigo. Depois do 0x0 nos 90 minutos, a partida foi para a prorrogação. O São Cristóvão vencia por 1x0 até, aos 14 minutos da etapa final, o Taguá empatar para o Cruzeiro. Na decisão por pênaltis, Rigo defendeu duas cobranças e a outra acertou o travessão. “Todos os jogadores choraram. Foi uma façanha inesquecível”, diz ele, que ainda atua na categoria Master do Cruzeiro e na Copa União em Caxias do Sul.

Histórias

Pelo lado do São Cristóvão também são inúmeras as histórias contadas pelos atletas que marcaram época defendendo as cores verde e amarelo. O administrador Clademir Fontana, o ‘Miro’, 57 anos, começou a jogar na equipe principal em 1978, oportunidade que o time ficou com o vice-campeonato, perdendo para o Ipiranga, do Travessão Alfredo Chaves. Em 1981, então com 18 anos, Miro conquistou o primeiro título municipal pelo São Cristóvão. Para Fontana, o jogo marcante foi em 1994 na decisão contra o Cruzeiro, no antigo campo do Cemel. “A equipe de São Gotardo tinha um time muito forte e nós, com humildade e simplicidade, ganhamos aquele campeonato”, recorda o zagueiro e presidente do Clube naquele ano.

O representante de vendas Milton Ascari, 52 anos, foi campeão defendendo São Cristóvão e Cruzeiro. A primeira partida pela equipe principal foi em 1987, quando nove atletas eram oriundos do time de juniores. Naquele ano, o São Cristóvão conquistou o primeiro título e de forma invicta. Essa foi a base do time por quase 20 anos. Defendendo as cores do São Cristóvão foram cinco conquistas. Em 1993, Ascari foi campeão pelo Corinthians, de Mato Perso, e em 1996 conquistou a competição pelo Cruzeiro. Além disso, levantou o caneco da Libertadores do Nordeste Gaúcho em 1996, também pelo Cruzeiro e, em 1998, pelo São Cristóvão.

Para Ascari, que foi capitão da equipe por muitos anos, os clássicos pelas decisões começavam ainda nas segundas-feiras e movimentavam as comunidades. “A torcida era apaixonada e lotava os campos de futebol. É uma nostalgia recordar esses momentos. Embora tivéssemos essa rivalidade, não levei nenhuma mágoa sequer de algum adversário e digo mais: as melhores amizades que tenho até hoje foi o futebol que me proporcionou”, resume.

Os atletas Ivo Rigo e Dirceu Zamboni representam todos os demais atletas vitoriosos que passaram pelo C.E.R Cruzeiro. Da mesma forma, Clademir Fontana e Milton Ascari retratam os jogadores que fizeram história e defenderam o E.C São Cristóvão.