O motociclismo é um esporte cheio de desafios e requer dos pilotos dedicação e compromisso
O amor pelo esporte praticado sobre duas rodas, a adrenalina, o barro, a emoção de estar em meio a natureza e a possibilidade de desbravar lugares, reunir amigos e familiares são as sensações sentidas pelos praticantes do motociclismo. Para o gerente Leonardo Menegat, 30 anos, o gosto pela moto começou na adolescência, quando acompanhava os treinos dos amigos Gelson Pan, o “esnheki”, e Fabiano Tonet na pista localizada na propriedade de Pan, no Travessão Curuzu. “Eu tentava fazer as mesmas manobras de bicicleta”, recorda Menegat.
Com o objetivo de competir nas provas, Menegat com muito sofrimento, conseguiu comprar uma moto Agrale usada e começou a treinar. Depois de algum tempo, adquiriu uma Honda CRF 230 e foi melhorando nos treinos e nas corridas. A terceira moto dele foi uma Kawasaki KXF 250. Hoje, Bibit, como é conhecido pelo público do Motocross, tem como foco concluir a construção de sua moradia. “Estou parado desde o fim da temporada de 2019. Pretendo ficar sem participar por mais alguns meses e depois quando começarem as competições, comprar outra moto e acelerar novamente”, espera.
Menegat afirma que a concentração é o mais importante para fazer uma boa largada. No gate – barra de proteção que mantém os pilotos alinhados e que abaixa quando a corrida começa para que os pilotos larguem juntos – é preciso ter tranquilidade e traçar uma estratégia. “Ali é sangue nos olhos”, brinca ele, garantindo que nunca faltou com respeito aos adversários.
O Motocross é um esporte que requer muito treino e, neste quesito, Bibit lamenta a falta de tempo. “Só ando nas corridas e, até por isso, fica difícil competir com pilotos que têm toda uma estrutura de preparação física e treinos”.
Com a moto modelo nacional, Menegat conquistou duas vezes o Serrano de Motocross, ganhou o regional de Motocross e foi vice-campeão do Campeonato Gaúcho da modalidade. Já com a moto modelo importada, foi bicampeão do Serrano de Veloterra na categoria Importada MX2, sagrou-se tricampeão do Serrano e teve um título no Regional de Motocross.
Adrenalina nas pistas
O agricultor Jonas Andreazza, 21 anos, tinha alguns amigos que praticavam o Motocross e acabaram o influenciando para comprar uma moto. “Com o tempo, me levaram para uma corrida em Nova Roma do Sul, onde comecei a pegar gosto pelo esporte e não parei mais de competir”, destaca ele, que teve como maior incentivador o piloto Tiago Molon.
Andreazza, que começou a participar de provas em 2013, ressalta que o Motocross é um esporte com custos elevados. “Começa pela compra da moto, a manutenção e a mecânica, o alto custo dos equipamentos de proteção como botas, joelheiras, capacete, óculos, e a inscrição para participar de cada etapa dos campeonatos amadores”, ressalta o agricultor, que treina com moto duas vezes por semana e costuma pedalar três vezes por semana.
De acordo com a auxiliar administrativo-financeiro, Daniela de Vargas Lira, 25 anos, o namorado Juliano Pagliarin foi o seu maior incentivador para iniciar no Velocross. “Ele sempre teve moto para fazer trilha e me ensinou a andar. Depois, íamos juntos nas corridas para assistir. Eu olhava as meninas andando e sempre dizia que um dia andaria também. Foi assim que começou a surgir a vontade”, recorda ela.
Por ser um esporte com a participação, predominantemente, masculina, Daniela lembra que no começo os pais ficaram um pouco assustados. “Mas, sempre me apoiam e torcem por mim. Minha mãe sempre me disse para lutar e conseguir as coisas que eu quero e se me faz feliz, ela fica feliz também”, frisa ela.
A primeira prova disputada por Daniela foi uma etapa final do Altos da Serra de Veloterra, na cidade de Nova Roma do Sul, em 2015. “Na época eu não tinha moto e um amigo me emprestou para correr naquele final de semana. Era bem na brincadeira para ver meu desempenho. Foi em 2018 que comprei minha moto e comecei de fato a competir”, destaca.
De acordo com a florense, tudo o que vivenciou até o momento no motociclismo serve de aprendizado. “Nessa modalidade temos altos e baixos, pelo alto custo de equipamentos e manutenções, por quedas e esforço físico, mas sempre procuro me superar tentando melhorar a cada dia para conquistar os meus objetivos. Independente da vitória ou da derrota, o importante mesmo é competir e se divertir”, resume ela, que dá a dica para mais mulheres começarem a praticar. “Não tenham medo, mas ao contrário, coragem e determinação. Dificuldades sempre terão em qualquer ocasião. O que não podemos é desistir, mas lutar pelos nossos ideais”, incentiva Daniela.
Desde criança
O empresário Rodrigo Galiotto, 35 anos, lembra que a paixão surgiu desde criança, na Linha 80, quando um grupo de amigos, sem dinheiro para pagar a entrada, se deslocava de bicicleta ou de a pé para assistir as corridas gratuitamente. “Meu pai andava de XR na colônia e essa vontade só foi aumentando. Em 1998, meu mecânico, Mariovaldo Martini, e seu amigo, Marcio Vicentin, participavam das provas de Veloterra (velocidade na terra, sem pulos). Vendo eles correrem eu me empolguei e comprei uma CG e competi pela primeira vez, mas terminei nas últimas colocações”, recorda Galiotto, que na segunda prova já conseguiu um 8º lugar e ganhou o primeiro troféu, que guarda até hoje na sua galeria.
Para Rodrigo, o momento mais marcante foi a conquista do Campeonato Gaúcho, em 2012, com a presença da esposa, Manuella Sgarioni, dos pais, Pedrinho e Geni Galiotto, e do irmão, Marcello, que também é piloto, ao lado da pista, em Gravataí. De acordo com ele, o motociclismo, embora seja um esporte de alto risco e custos elevados, ainda é visto com descrédito. “As empresas poderiam ajudar mais na divulgação”, lembrando que o evento Estilo Livre de Manobras foi mostrado para todo o Brasil na TV aberta, no domingo, dia 2. Galiotto faz questão de destacar que o Motocross é praticado por atletas que treinam, que têm técnica, preparo físico e, acima de tudo, cabeça no lugar e muita concentração, ao contrário do que muitas pessoas pensam sobre a modalidade. Neste ano, ele completa 20 anos de carreira, ao longo dos quais conquistou 35 títulos regionais, estaduais e sul-brasileiro.
Para comemorar os 20 anos nas pistas, na temporada de 2020, Galiotto vai participar do campeonato brasileiro de Motocross na categoria MX3 (acima de 35 anos). A estreia será em Belo Horizonte, mas ainda sem data definida.
No Motocross são entre 12 e 14 categorias. O Campeonato Gaúcho inicia no infantil (de 6 a 12 anos, com motos de 50cc). Depois vai mudando o modelo das motos para 65cc, 85cc, 250cc conforme a idade do piloto. Na sequência, os competidores estreiam nas competições na categoria Estreantes (aqui divididas pela técnica dos pilotos), Intermediária (250 e 450cc, ou seja, motos específicas para fazer Motocross, com suspensão mais forte). Essas motos variam de R$ 20 a R$ 60 mil. Seguindo a evolução, os pilotos partem para a categoria MX2, considerada profissional, apenas com motos de 250cc e a MX1, para motos de 450cc. Por fim, os amantes do Motocross disputam a categoria Força Livre, que inclui a MX2 e a MX1. Depois de completar 35 anos, os pilotos podem correr na MX3 e ainda tem categoria para a faixa de idade superior a 40, 45 e 55 anos.
Por: Maicon Pan / Jornal O Florense