ESPECIAL - Para promover a inclusão e a transformação social
Com uma nova pista de skate em Flores, conheça um pouco mais sobre esse esporte de cultura e características próprias
O skate surgiu na década de 1950, no estado americano da Califórnia. Os inventores do esporte foram os surfistas, que, em período de maré baixa e poucas ondas, colocaram rodinhas de patins junto a uma prancha de madeira. Assim, eles criaram o “surfe do asfalto” ou “sidewalk surf”. A partir dos anos de 1960, o skate se tornou mais popular e os equipamentos evoluíram e passaram a ser comercializados. Com mais skates sendo fabricados e desenvolvidos, foi nessa época que também começaram a serem disputados os primeiros campeonatos. Nos anos 1980, a modalidade de street foi desenvolvida com o uso de rampas de madeira. Na década seguinte, o skate ganhou projeção mundial. O grande incentivador do esporte foi o skatista norte-americano Tony Hawk, que chegou a estrelar um jogo eletrônico sobre a modalidade. O jogo e as transmissões de campeonatos popularizaram o skate.
No Brasil, o esporte passou a ser praticado na década de 1960, sob influência de surfistas norte-americanos. Porém, foi a partir dos anos 1970 que ganhou mais projeção no país. Nos anos seguintes, foram disputadas as primeiras competições, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Um dos principais atletas brasileiros de todos os tempos, Bob Burnquist foi eleito o melhor skatista do mundo em 1997. No skate, não há uma regra que estabeleça uma “receita” do que deve ser feito para vencer. O ganhador será aquele que demonstrar o melhor desempenho em suas manobras, avaliadas por juízes de acordo com critérios de precisão e dificuldade. No Brasil, a Confederação Brasileira de Skate (CBSk) estabelece as regras para as diferentes modalidades.
E para saciar a vontade dos florenses que apreciam o esporte, desde fevereiro Flores conta com uma nova pista de skate. Foram construídos aproximadamente 595 metros quadrados, no Cemel, ao lado do Ginásio Poliesportivo. O novo local conta com rampas, caixotes, corrimões, traves e plataformas, além da área de convivência social, bancos e iluminação. O investimento foi de R$ 278,2 mil. A elaboração do projeto contou com a participação de representantes da modalidade.
De acordo com o presidente da Associação Florense de Esportes Radicais, Fábio Lopes, a nova pista vai qualificar a prática no município e promover o turismo. “Com a realização de competições virão muitas pessoas de fora. A pista de Flores é uma das melhores da região da Serra Gaúcha. Alguns municípios estão fazendo excursões com skatistas para andar aqui”, ressalta Fábio.
Segundo o presidente, a Associação não quer apenas promover a modalidade, que agora é olímpica, mas utilizar o esporte para transformar a vida das pessoas. “Queremos que a pista seja um local para a prática esportiva, mas que possamos trabalhar a questão de relacionamento, comportamento, além de desenvolver um trabalho de prevenção às drogas. Queremos que a pista seja utilizada pelas famílias e pela sociedade”, frisou Lopes.
Respeito e caráter
No skate, algumas modalidades são as mais praticadas, como o freestyle, downhill speed, downhill slide, slalom, vertical, street, park, mini-rampa, mega-rampa, cada uma com delas com características especificas. Os principais tipos de skate são o skateboard: mais versátil, leve e resistente e, usado para executar manobras. O longboard é o skate com shapes (pranchas) mais longos e desenvolvido para melhor rolagem em alta velocidade e longas distâncias. É o mais recomendado para quem deseja andar em áreas de asfalto e descidas. Já o modelo cruiser, por ser mais estável, é utilizado para a locomoção. Suas rodas são maiores e mais macias, possibilitando mais controle em pisos duros e desnivelados.
A atividade, segundo os praticantes, não se delimita por uma idade. “É um esporte que abrange toda a sociedade, sejam crianças, jovens ou adultos”, recomenda Valmorbida, que prática há 23 anos. Para ele, o gosto pelo esporte começou quando um praticante passou a morar em Flores e andava na rua onde Valmorbida residia. “Foi então que eu pedi um skate de aniversário nos meus 13 anos para a minha mãe, Ana Maria, e a partir daquele momento o amor pelo skate só aumentou”, resume.
Para o auxiliar de reformas Alex de Oliveira, 20 anos, tudo começou com muita dificuldade, tendo em vista que o esporte não era bem visto pelos florenses. “Comecei a andar de skate no final de 2015, quando meu primo me emprestou o skate dele. Me apaixonei logo na primeira experiência. Sempre fui fã de esportes radicais”, recorda Oliveira.
O jornalista Fábio Lopes reafirma a necessidade de mostrar para a comunidade que o skate e skatistas sofrem um preconceito injusto. “Precisamos usar o esporte em favor dos jovens, tendo em vista que é altamente motivador, desafiante e promove inúmeros benefícios dentro do organismo, seja físico ou mental”, explica Lopes.
Conforme os praticantes, o skate proporciona a formação de um bom caráter. “Queremos que a pista ofereça momentos de diversão para os jovens, mas também ofereça um fundamento comunitário, que seja possível formar atletas comprometidos não apenas com o esporte, mas também com a sociedade, que tenham com uma conduta moral e ética e sejam exemplo para os demais”, diz o jornalista.
Sobre o futuro no esporte, Oliveira afirma que vai deixar as coisas acontecerem. “Se surgir a oportunidade de me tornar um atleta profissional com certeza seguirei essa carreira com satisfação”, frisa, que tem apoio de uma loja do ramo na cidade. O jovem já disputou algumas competições pela região quando ganhou alguns troféus e premiações.
Para usufruir deste esponte radical é muito importante que os skatistas utilizem alguns equipamentos, principalmente de segurança, como capacete, cotoveleira, joelheira e luvas.
Por: Maicon Pan / Jornal O Florense
