Embora seja um esporte de muito contato, as mulheres que acabam conhecendo a suavidade da arte marcial, se encantam, além de ser uma forma de defesa pessoal.
Historicamente, os esportes, especialmente os de luta, são praticados majoritariamente por homens. No entanto, as mulheres sempre estiveram presentes no universo das artes marciais e, nos últimos anos, o número de praticantes aumentou, de modo especial no jiu-jitsu, uma das modalidades mais praticadas do mundo, que exige muita técnica e é uma aliada na defesa pessoal.
A academia J.A Flores da Cunha abriu uma turma de treinos só para mulheres. Entre elas, a mais graduada é Natália Rancan Cambruzzi, que iniciou no esporte a dois anos e meio. Com 14 anos, ela conta que iniciou no Jiu-Jitsu por incentivo do pai. Na primeira experiência já se apaixonou pela modalidade.
De acordo com Melina Bühler Giachelin, 39 anos, as pessoas ainda têm um pouco de preconceito em relação ao jiu-jitsu por estar atrelado à questão física. “Tenho certeza que é por não conhecerem a modalidade. É um esporte que traz inúmeros benefícios, como disciplina, regras, trabalho em equipe, respeito entre outros”, destaca Melina.
Para Aline da Rosa, 33 anos, foi incentivada pelo próprio filho, que pratica o esporte a um ano e sete meses. Depois de presenciar diariamente a mudança positiva no seu dia a dia, na questão da organização, desinibição com colegas e amigos, decidiu fazer sua matrícula na última semana e iniciou os treinos.
Andrelise Araújo, 25 anos, também buscou a Academia J.A para praticar o esporte depois que o filho passou boas referências dos treinos. “Eu era uma pessoa muito nervosa, agitada e ansiosa. O esporte me ajudou muito nessa questão, além de contribuir na perda de peso”, destaca Andrelise.
Embora seja um esporte de muito contato, as mulheres que acabam conhecendo a suavidade da arte marcial, se encantam, além de ser uma forma de defesa pessoal. O professor Altamir Molina Cezar Junior, o “Gu”, 36 anos, destaca que iniciou com a turma para as crianças, mas, com o passar do tempo, mais mulheres se interessaram e acabaram descobrindo que a modalidade é muito mais que isso, que não é apenas aprender uma autodefesa. “A modalidade desperta muito mais nelas e, com toda a dedicação feminina, atinge muito mais resultados para a vida de cada uma” frisa o professor, ao afirmar que não existe nenhum tipo de diferença na metodologia para os treinos com as mulheres.
Melina reforça as palavras do professor, que nunca se deve iniciar uma briga, mas pedir para que a pessoa tenha calma e aceite conversar. “Em último caso a gente se defende”, relata Melina que treina com a filha Olivia, de 7 anos, e que está há um ano e sete meses no jiu-jitsu.
Para Melina, o esporte ajudou principalmente na melhora da ansiedade da filha. “Em todas as Academias J.A, as crianças têm a questão dos graus coloridos, onde é cobrada a alimentação, disciplina escolar, frequência nos treinos e respeito. Eles recebem um grau para cada um dos quesitos que eles desenvolvem”, resume a mãe.
No início as alunas adultas treinavam com os meninos, mas, por não terem ainda muito conhecimento e, até por medo de estarem atrapalhando os treinos, pediram para o professor Gu abrir uma turma só de mulheres. Hoje, elas treinam aos sábados de manhã. “Importante ressaltar que é muito proveitoso treinar com os homens. Eles são atenciosos, prestativos e sempre muito respeitosos, além de que uma academia de Jiu-Jitsu é um ambiente seguro para mulheres”, lembra Thayrine Naffin, 30 anos, e, há sete meses no Jiu-Jitsu.
Algumas meninas da academia já participaram de competições em Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Porto Alegre, obtendo importantes resultados, mesmo em competições mistas, com a presença de meninos, mostrando a força e a capacidade das mulheres.
Melina Bühler Giachelim (39), Aline da Rosa (33) Thayrine Naffin (30), Andrelise Araújo (25), Natália Rancan Cambruzzi (14) Alice Mattiollo Fontana (11), Gabriela Girardi Remussi (11), Alice Fachin Manica (10), Julia Smiderle Contó (8) e Olivia Bühler Giachelim (7), convidam as mulheres para conhecerem o esporte. Estavam ausentes no treino, Vanessa Vieira, Naiara Albuquerque, Carla Brogliato e Leticia Valandro.
Para o grupo de alunas da J.A Flores da Cunha, as mulheres podem fazer o que elas quiserem e o jiu-jitsu também pode ser praticado por elas, uma vez que, o tatame também é lugar de mulher.
Texto e Fotos: Maicon Pan