Na modalidade, os atletas descem rios em botes infláveis, passando por grandes obstáculos como pedras, corredeiras e muitas quedas d’água.
O rafting começou a ser praticado em 1869. John Wesley Powel foi o responsável pela primeira descida no Rio Colorado, nos Estados Unidos. Em 1936, os botes de madeira foram substituídos pelos botes infláveis. Em 1980 foi criado o bote ‘self bailer’, produzido com material mais leve e resistente. Em 1999, na África do Sul, foi disputado o primeiro campeonato da modalidade. A Federação Internacional de Rafting foi a responsável pela competição. Na ocasião, o Brasil ficou com a sétima colocação.
O comerciante Jones Paviani, 44 anos, teve a primeira experiência em 1994, no Rio das Antas. “Na adolescência acampávamos na beira do rio próximo à balsa que liga Nova Pádua à Nova Roma do Sul. Num final de semana, o proprietário da empresa Mad River, Nestor Pivotto, passou com um grupo de clientes para fazer a descida do rio. Ficamos impressionados, porque os botes eram uma novidade. Até então, nós descíamos as corredeiras com câmeras de ar. Agendamos uma descida e, em seguida, já começamos a guiar”, recorda Paviani.
Depois de participar da equipe Mad River, o grupo fundou o Anthas Anfíbius e, a partir de 1998, começaram a disputar o campeonato brasileiro de rafting em Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Em 2008, a equipe paduense, formada pelos irmãos Jones e Tiago Paviani e Ronaldo Boniatti, conquistou o 3º lugar na categoria Open, em Estrema/MG. Em 2016, Paviani integrou a equipe Rio Abaixo Juquitiba/SP e conquistou o título do brasileiro de rafting na categoria máster e garantiu presença no Mundial de 2017, disputado no Japão. O time brasileiro subiu ao pódio na 3ª colocação.
Para Jones, o momento mais marcante foi a conquista do 3º lugar no mundial por representar o Brasil. “Mesmo que tenha sido na categoria máster, foi uma emoção muito grande. Foi uma experiência única e inesquecível”, relata o atleta. Para Paviani, o rafting é um esporte saudável, que proporciona o contato com a natureza e a convivência com pessoas que gostam do mesmo esporte. A modalidade oportuniza conhecer lugares, cidades e países diferentes. “Por estamos inseridos na natureza, o rafting nos ensina a preservar o meio ambiente e, principalmente, possibilita recarregar as energias para uma semana de trabalho”, finaliza Jones.
O empresário Ronaldo Boniatti, 39 anos, também teve o primeiro contato com o esporte no Rio das Antas, junto com o grupo que realizou a primeira descida com o amigo Pivotto. Com a experiência adquirida, os jovens tornaram-se instrutores na empresa Mad River.
De acordo com Boniatti, para a prática do rafting é obrigatório o uso de colete salva-vidas, com flutuabilidade que resista ao peso da pessoa, capacete com fivela, calçado adequado para a modalidade e remo. Durante as provas, o instrutor utiliza apito e faca, que ficam junto ao colete, sapatilha, e roupas específicas para facilitar a mobilidade na água. Dentro do bote fica o cabo de resgate, utilizado no salvamento de atletas em caso de queda.
Em virtude das atividades à frente do Poder Executivo paduense, Ronaldo não tem praticado o rafting. “Faço descidas no rio de duke (mini bote para duas pessoas), além de utilizá-lo na praia. Neste ano, com mais tempo, pretendo voltar a praticar o rafting como instrutor”, garante Boniatti.
Para o empresário, o esporte traz um benefício físico e mental por ser um momento de lazer e descontração, que mistura emoção, adrenalina e relaxamento. “Particularmente o esporte me trouxe um grande aprendizado e a boa convivência com os amigos. O rafting foi importante para conhecer a questão do turismo, manter o contato com os turistas que visitavam Nova Pádua para praticar a modalidade e conhecer a cidade”, finaliza.
O empresário do ramo de Turismo de Aventura, Nestor Pivotto, 53 anos, destaca o orgulho de ensinar a prática do rafting aos jovens Jones Paviani, Ronaldo Boniatti, Tiago Paviani, André Maróstica, Itacir Sonda, entre outros. Depois dos treinamentos intensivos assumiram como instrutores. Sonda desempenhou a função durante dois anos e depois deixou de praticar o esporte. Os demais continuam até hoje como instrutores da modalidade. “Desde o primeiro dia enxerguei muito potencial neles, de modo especial no André Maróstica, o “Leta” (in memória), que expandiu seus horizontes com a prática do rafting. Ele era um excepcional guia e nos deixou neste mês de janeiro fazendo o que mais amava”, recorda Pivotto.
Em meados de 1988, quando saiu do quartel, Nestor começou a remar no Rio das Antas de caiaque, no extinto ‘praial’. Em 1992, iniciou a operar com a empresa Mad River, no município de Três Coroas e depois na região da Serra. “O rafting praticado em Nova Pádua me traz muitas recordações e ótimas histórias. O principal de tudo isso era dar oportunidade para as pessoas da comunidade. Fazia questão de usar o potencial das pessoas da cidade. Isso me dá satisfação até hoje”, resume o empresário.
Para Nestor, Nova Pádua tem um enorme potencial para a prática da modalidade, mesmo que, com a construção da Barragem Castro Alves, os horários para o rafting sejam mais restritos. Hoje, as descidas no rio dependem das chuvas e da liberação de um nível mínimo de água por parte da Companhia Energética Ceran. “Para praticar o rafting é preciso ter o dom e amor pelo esporte. Esse grupo era diferenciado e com uma índole exemplar. Sempre que foram acionados como guias atenderam às expectativas”, finalizou ele.
Texto: Maicon Pan/Jornal O Florense
Fotos: Nestor Pivotto e Divulgação